AUGÚRIO
Sandra Antonioli
AUGÚRIONão agora, não hoje, não enquanto
um relógio detém o nosso nome
e o vai entrecortando vagarento
como a um chiclete que não muda a fome.
Não hoje, não agora, não enquanto
cavilamos entre a visão do inferno
e a do céu, improváveis, e imprecisos
perdemos o instantâneo sem o eterno.
Não por agora, não por hoje, não
por enquanto: há por vir um tempo feito
à imagem e semelhança do homem
e alado no solário do seu peito.
(Geir Campos)


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