
Sandra Antonioli
REQUIEM(ao José Amor e ao Gonçalo B. de Sousa)
Jorge Vicente
se eu morrer
atira-te do alto da paisagem
e procura um barco
não te preocupes com a bruma
ela seguir-te-á e tu olharás para
os seus segredos,
tentarás desvendá-los,
fecharás os olhos e
imaginarás que a tua fronte
estará coberta por uma mesa
de madeira,
com todas as coisas simples
que uma mesa de madeira guarda
ouvirás um grito claro
como se da noite caísse uma voz
imensa
com as árvores a tolher de surpresa
o repasto dos homens e dos bichos
são horas do anjo fechar a porta
e olhar a lareira já mortiça
os homens, esses, oferecem
o último pão do dia
e respondem que vai alta a noite
e que os viandantes são as últimas
estrelas do descampado
abrem a porta da rua e adormecem
com os olhos secos
a candeia vibra com o repouso
das estrelas silentes
assinalando a eternidade do caminho


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