quarta-feira, 28 de maio de 2008

COISAS DE SANDRA



Sandra Antonioli

ESPAÇO CURVO E FINITO
José Saramago

Oculta consciência de não ser,
Ou de ser num estar que me transcende,
Numa rede de presenças e ausências,
Numa fuga para o ponto de partida:
Um perto que é tão longe, um longe aqui.
Uma ânsia de estar e de temer
A semente que de ser se surpreende,
As pedras que repetem as cadências
Da onda sempre nova e repetida
Que neste espaço curvo vem de ti.



Aquele outro não via...

Hilda Hilst

Aquele outro não via minha muita amplidão
Nada lhe bastava. Nem ígneas cantigas.
E agora vã, te pareço soberba, magnífica
E fodes como quem morre a última conquista
E ardes como desejei arder de santidade.
(E há luz na tua carne e tu palpitas.)


Ah, por que me vejo vasta e inflexível
Desejando um desejo vizinhante
De uma fome irada e obsessiva?


TANTO
(Helena Kolody)

Da estátua de areia
nada restará
depois da maré cheia.



A gente deveria acordar todo dia e recitar esses versos, como quem diz
uma oração. Enquanto estátuas de areia, que nos seja concedida a graça
de ornamentar a orla em tempo de maré baixa. Amém.
(Rosane Coelho)

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