
Tamanho volume de trabalhos magníficos chegam a mim (graças a Deus) e tamanha alegria começou a merecer um tratamento especial, um carinho. Então me ocorreu de criar um espaço especial, um cantinho doce e amável que ventilasse o perfume que tais escritos exalam. Meus amigos e amigas serão recebidos aqui com amor.


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O SOL INVISÍVEL DO AMOR
===Edmen===
O amor existe em diversos graus de classificação, desde a intensidade até a profundidade, misturando-se com a beleza de cores de diversas tonalidades, absorvidas no coração e transmitidas numa propagação clara de ondas invisíveis. O tolo procura sentir o amor e defini-lo como um produto qualquer, enquanto o sábio apenas o absorve e rega com as gotas de sua sabedoria para que cresça cada vez mais belo, como se fora uma linda planta de cuja árvore colhe os frutos viçosos, plantando suas sementes em lugar fértil para que muitos saboreiem e sintam o gosto dulcificado absorvido no coração. Do amor plantado e cultivado com sabedoria nasce a concórdia, o entendimento e a paz, a felicidade torna-se presente e a esperança se fortalece nas cores abstratas do amor.
Os desentendimentos só existem por que o amor deixou de existir ou nunca existiu. As guerras só acontecem por que não se cultivou o amor, por que a cobiça gerou a sede de fama, riqueza e poder.
Uma pessoa, um grupo, uma família, uma nação só pode ser feliz se existir amor, pois onde existe amor a prosperidade está presente e a felicidade é contínua, a alegria se expande em verdadeiras ondas, propagando-se em várias direções, por que o amor é um sol que todos nós temos em nosso coração e para sentir o seu calor e ver os seus raios, basta que dissipemos as nuvens negras do ódio e da inveja do seu derredor, permitindo assim que esse sol nos aqueça com seus raios de amor.
Vivifique o sol invisível do amor em seu interior e verá seus raios expandirem-se continuadamente em várias direções, e a felicidade estará presente no seu e em muitos corações.





O FUNERAL DAS BORBOLETAS
Entraram pela porta dupla, da grande sala.
Paulatinamente. Uma por uma. De forma estruturada.
A primeira fixou-se à janela maior, da vasta copa.
Uma segunda evadiu-se para o andar superior e,
perdeu-se na imensidão do teto em lambri, que tem a cor que é dela.
A terceira postou-se à parede do salão, junto a escada em madeira
brilhante, talvez por isso.
Passei a observar atentamente, a terceira, curioso e tenso.
Ela, inerte, triste, quieta, sem vida.
Sem vida...
Tentei reanima-la, não logo, a princípio apenas observei com certa curiosidade
Me perguntando o: porquê?
Nada compreendi e tentei esquecer a questão.
No dia seguinte, vendo-as nos mesmos lugares, tentei agora com maior ênfase, motiva-las a moverem-se. Incentivei-as a saírem para ver o sol que enfeitava o céu azul de um domingo quente em Pedra de Guaratiba.
Não foi possível. Nenhum esboço de reação.
Um vôo curto e a entrega total, espasmódica.
Corri para examinar as outras e perplexo as vi desfalecidas, combalidas, exibindo apenas movimentos provocados pela brisa suave e leve da manhã, vinda do mar, da Baía de Sepetiba.
Tornei à sala e a “terceira” permanecia junto à escada, tristonha e sem ânimo.
Tentei pega-la, carinhosamente e com medo, em total enlevo.
Ela, certamente que num último esforço, tentou um vôo curto, até o quintal frontal, no sonho de alcançar o jardim maior. Notei nesse momento que um azul-báltico de magnífica visualização morava na parte interior de suas asas fascinantes.
Admirei maravilhado, tal doação.
Num repente, tudo findou.
Jaziam lamentàvelmente, pela casa, suas companheiras e, ela mesma já não resistia.
Recolhi com zelo suas estruturas de arte tão profunda, com tristeza.
Não acreditava em tamanho desastre.
Preparei seus últimos casulos e sepultei-as entre os bougainvilleas e as margaridas, que adoravam, e que também são minhas preferidas.
Fim

